terça-feira, 1 de outubro de 2013

DEPUTADO MARCO FELICIANO NÃO ACEITA NADA DO TIPO MESMO

Marco Feliciano manda prender garotas que deram beijo na boca durante culto

A pedido do deputado Marco Feliciano (PSC-SP), duas mulheres foram detidas domingo em meio a um evento evangélico porque deram um beijo na boca. 
Deputado Marco Feliciano (PSC-SP)
Yunka Mihura Montoro, de 20 anos, e Joana Arrabal Alhares Pereira, de 18, participavam de um protesto durante a realização do V Glorifica Litoral, em São Sebastião (SP). 

Feliciano, que é pastor e presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, criticou as jovens, chamou os manifestantes de “cachorrinhos” e pediu que a polícia as levasse algemadas do local, uma praça pública de eventos na praia. Imagens feitas por participantes mostram as jovens sendo arrastadas até um local privado, debaixo do palco. Em depoimento à polícia, as duas disseram ter sido agredidas pelos guardas municipais.

A Polícia Militar que aqui está dê um jeitinho naquelas duas garotas que estão se beijando. Aquelas duas meninas têm que sair daqui algemadas. Não adianta fugir, a guarda civil está indo até aí. Isso aqui não é a casa da mãe joana, é a casa de Deus — disse Feliciano, ovacionado por uma plateia estimada pela prefeitura em 70 mil pessoas.

Yunka e Joana contaram que participaram de um protesto contra o deputado e que se beijaram algumas vezes durante o culto.
Yunka Mihura Montoro foi detida durante evento 
evangélico por beijar uma menina na boca 
(Imagem: Reprodução internet)
Havia outros casais se beijando no meio do culto, casais heterossexuais, e não houve problema. Nosso beijo não foi obsceno e nosso protesto era de poucas pessoas. Não fizemos barulho e guardamos os cartazes. Beijar não é crime. Ele nos chamou de “cachorrinhas”. Fiquei em choque, indignada. Não acreditava que aquilo estava mesmo acontecendo. Não esqueço que ele disse que nossas famílias deveriam ter vergonha “dessas criaturas”— disse Yunka, que explicou que o beijo era de protesto, mas também de namoro.

Joana contou que ela e Yunka foram arrastadas e agredidas. Ela teria levado três tapas na cara. Algemadas e de camburão, as duas foram para a delegacia, onde prestaram depoimento e também registraram queixa de agressão e abuso de autoridade contra a guarda municipal. Ainda na madrugada, passaram por exames de corpo de delito.

Estou com o braço dolorido, o pulso inchado e com raiva. Me senti completamente humilhada, sendo arrastadas pela guarda com uma chave de braço. Estamos com marcas roxas até nas costelas— afirmou Joana.

O advogado Daniel Galani, que representa as jovens, disse que vai processar Feliciano e levar o caso até a Câmara dos Deputados.

Feliciano foi preconceituoso e incitou os fiéis e os guardas contra elas. Não fizemos a queixa na hora contra ele porque, por ser deputado, o pastor tem foro privilegiado. Mas vamos processá-lo e pedir, na Câmara, que ele seja julgado por quebra de decoro. Vamos procurar também a Secretaria de Direitos Humanos do governo. Levaremos esse caso até o fim porque o aumento da violência contra os homossexuais acontece por falas como as que ele fez nesse culto — disse Galani.

Enquanto guardas detinham as jovens, Feliciano continuava a falar ao público sobre o beijo e o protesto:

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